O BRGMOTA NIGHTS se aproxima e chegou a hora de Thiago Pethit revelar algumas coisas sobre si. Juntam-se a ele no dia 29 de abril, em Porto Alegre, Boogarins e Wannabe Jalva.
Intensos, os discos de Pethit marcam fases: a suavidade dolorosa de Berlim, Texas (2010), passando pelo desgaste emocional de Estrela Decadente (2012) a ascensão e subversão de Rock’n’Roll Sugar Darling (2014), seu som é bem temperado de referências e sex appeal. Musicalmente, Pethit não se prende a nada, ele mistura o português com o inglês na mesma música e tá tudo certo.
O compositor fala mais sobre sua vida pessoal e carreira nesta entrevista bem-humorada com o Boogarins, dá uma olhada:
Boogarins – Onde você cresceu, Thiagão? Tem alguma memória boa de infância que cê acha que tem ligação específica com alguma canção, disco, gosto musical seu?
Thiago Pethit – Cresci em São Paulo. Mas ainda criança, morei uns 4 meses num sítio bicho-grilo com meu pai. Depois 1 ano em Curitiba com minha mãe e retornamos. Então, a maior parte do tempo foi uma infância de criança de cidade grande mesmo. Aquela coisa de prédio e pouca rua. Ficava muito sozinho, meio tímido, isolado. Mas meu passatempo preferido era justamente escutar os vinis que eu roubava da casa da minha avó e os do meu pai. Escolhia pelas capas, porque não conhecia o nome de nada e nem sabia que tipo de música tinha dentro deles: escutei de Rita Lee a Richard Wagner, Louis Armstrong a Novos Bahianos e por ai vai. Acho que até hoje a relação que eu tenho com música é parecida, essa mistura ou a não preocupação com um gênero específico. E sem dúvida, a importância da capa fez muita diferença pra mim. rs
B – Acordar de ressaca e cheio das boas ideias, gastar umas boas horinhas no violãozinho, rola?
TP – Poxa, de ressaca eu não faço nada! Muito menos música. Até porque, quando eu acordo a última coisa que eu tenho são boas ideias. Eu demoro muito pra despertar na verdade, preciso de uns bons litros de café e umas horas me situando no mundo. E se tô de ressaca então aí que demoro mais ainda. Sou mais a filosofia do Chico: eu faço rock e amor até mais tarde. A noite, sóbrio ou não, é sempre meu melhor horário. Daí sim, rola ver o dia amanhecer tendo um milhão de ideias no violão.
B – Fala muito sozinho? Se sim, quando fala é mais como um outro você ou é tipo amigo imaginário? Se for amigo, esse cara te dá algumas canções, já pensou em dividir crédito e tal?
TP – Acho que eu devo ser muito antisocial. Eu não falo nem comigo mesmo! rs Curto muito o silêncio. Quando estou morando sozinho, posso passar um dia inteiro sem ouvir o som da minha voz e ficar em silêncio até que alguém me telefone. Alias, comigo mesmo eu só falo palavrão, saca. Quando algo dá errado: daí eu sempre aparece um ‘caralho’ ou um puta merda.
B – Alguma vez já sentiu que tinha misturado tudo que gostava em alguma canção/disco/qualquer criação? Rola alguma música ou momento especial, onde você parou e pensou “aí tá um bocado de lance que gosto cruzando e sendo ao mesmo tempo” ou algo do tipo? Caso sim, nos dê um exemplo.
TP – Ah isso já rolou sim. Rola bastante comigo até. Acho que especialmente quando estou fazendo videoclipes, porque aí por si só é uma linguagem que extrapola tudo e eu posso juntar um monte de loucuras e as coisas que eu gosto, porque tem mais espaço pra isso. No videoclipe de “Moon”, por exemplo, eu tive a sensação de que estava tudo lá: minha paixão por música e cinema, as minhas referências, Lou Red, Andy Warhol, Gus Van Saint, River Phoenix, Kurt Cobain e daria pra citar mais um monte de outras coisas que estão lá de algum jeito.
B – Fazendo um paralelo com comida/bebida/droga ou o que quiser, como uma bateria, um baixo, uma guitarra e uma voz devem soar?
TP – Bateria seria uma anfetamina. É o som que te pilha, que dá o pulso, ou que muda o pulso das coisas. Quando eu tomo qualquer coisa com anfetamina, fico com uma espécie de bateria louca na cabeça. Baixo… algo alcoólico, tipo whisky. Tipo meloso mas que pode ser agressivo também. O lance sexy das músicas, que te bota pra fora, que suinga… A guitarra certamente é algo lisérgico e a voz, tem que ser como um ecstasy – quem já tomou, sabe do que estou falando. rs
BRGMOTA NIGHTS – Boogarins, Thiago Pethit, Wannabe Jalva
Quando? 29 de abril
Onde? Opinião (Rua José do Patrocínio, 834. Porto Alegre/RS)
Que horas? Boogarins (22h), Wannabe Jalva (23h15), Thiago Pethit (0h30)
Quanto? R$ 35 (1º lote), R$ 40 (2º lote)