Entrevista de quinta – Mombojó

06/10/2011

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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06/10/2011


A entrevista de quinta dessa semana tem sotaque do nordeste, mas nem por isso é regional. Dia desses, no Studio SP, conversamos com dois integrante Mombojó. Felipe (vocal e guitarra) e Chiquinho (teclados e samples). Puxa uma cadeira e fica a vontade.

Noize: Pra começar a gente queria saber como é a relação de vocês com a classificação de pós mangue beat. Já falaram até que vocês eram os Los Hermanos do Mangue Beat…
Mombojó: acho que isso é porque a gente se estabeleceu logo após a morte dele ter acontecido. Na pratica ninguém chegou a ver Chico Science ao vivo na banda. É mais uma coisa de cronologia mesmo. Vejo muito por esse lado também. Normal também as pessoas encaixarem o primeiro trabalho de um artista a uma coisa que já existia antes. Sempre procuram um padrão pra poder colocar coisas novas. Daí como a gente era de Recife, já jogaram logo a gente no Mangue Beat. Mas isso diminuiu bastante com o segundo disco, porque daí as pessoas começaram a comparar com o primeiro disco sabe. Acho que a gente já consegue andar com as próprias pernas sem esse estigma.

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N: Mas vocês se consideram de alguma maneira filhos do Mangue Beat?
M: Sim, sim, absolutamente. O Mangue Beat não tinha exatamente um formato de fazer música, trabalhavam muito com a diversidade musical e isso a gente faz também. É uma das nossas bases, com certeza.

N: Vocês estão morando aqui em São Paulo?
M: Estamos, há 13 anos.

N: E morar em São Paulo faz a música de vocês menos regional? As influências mudam?
M: De maneira nenhuma. Quando a gente morava em Recife, a banda já não tinha percussão, por exemplo. Já não tinha esses elementos. A coisa da música regional pra gente talvez fique muito mais no sotaque. É muito natural pra gente, por exemplo, fazer uma música e colocar umas batidas de caboclinho, que é um ritmo tipicamente pernambucano. Mas no meio da nossa mistura, a galera vai ouvir e vai falar “isso e rock”. A gente cresceu vivendo isso. Aqui é uma cidade que recebe todas as pessoas do Brasil, com todo o tipo de influência musical. Podemos lidar com músicos aqui de toda a parte, e isso bem ou mal nos influencia positivamente em vários aspectos. É que nos deixa muito confortável de estar aqui. É uma cidade que recebe muita gente de fora, a gente não fica se sentindo estranho no ninho.

N: Dá pra dizer que não dá pra viver de música se não for em São Paulo?
M: Não necessariamente. Acho que dá sim. Temos vários amigos que vivem de música e não precisaram sair de Recife. O lance é que acho que em qualquer área de atuação, a gente precisa sair do conforto que é sua cidade natal. Crescemos em um lugar e sabemos as possibilidades que ele pode nos dar. Quando saímos da zona de conforto a efervescência é maior, estamos vendo várias coisas que talvez até acontecessem em Recife, mas por estar por lá nunca percebemos. Cada lugar que passamos percebemos que a música é feita de uma maneira. no Rio De Janeiro a música tem uma história de herança musical de um pra outro que faz da música daquele lugar ser daquele jeito. É muito importante pra gente conviver com tudo isso. Estar longe do Recife é bom não só pra nossa música, mas como experiência de vida mesmo.

N: Vocês começaram a banda no boom do compartilhamento de música pela internet . Fazer musica hoje em dia é diferente por causa da rede?
M: Acho que na real a gente aceitou isso mais rápido que outras pessoas. Tem artista que acaba nem querendo que a música saia assim, mas é mais forte que ele saca? Tem gente que até hoje não curte música rodando pela internet, tem um apego e tal. Entendemos que esse é um caminho natural, que isso vai acontecer, e melhor que já que vai acontecer que nós mesmos possamos fazer isso de forma bacana. O que mudou em fazer música hoje em dia talvez seja o dinamismo da coisa. Dá pra compor e gravar com gente que tá longe. Fazer bases aqui em São Paulo pra serem editadas em Recife. A logística da coisa mudou. E claro o acesso a outras fontes de pesquisa. Hoje em dia é muito mais fácil ter acesso a um disco foda da gringa e não precisar mais esperar que ele talvez chegue na única loja de vinil da cidade pra poder ouvir por ali mesmo, porque você não vai ter grana pra comprar saca?

N: Ainda no assunto internet, tá rolando uma mobilização no site de vocês pros fãs ajudarem a levar o Mombojó pra um show de comemoração de dez anos da banda. Como que é isso?
M: Então, na verdade a gente não tá pedindo uma ajuda, necessariamente. Esse esquema de show colaborativo é mais um maneira de diminuir intermediários entre a banda e o público, vamos dizer assim. Tipo a banda precisa de um contratante, o contratante de um produtor, o produtor da banda e a banda de sei lá o que sabe? isso é uma esquema pra basicamente o fã comprar o ingresso antecipado e o dono do espaço já sabe que o show vai estar pago, diminui bastante a burocracia. Isso na verdade não é muito diferente do que já acontece quando não existe essa mobilização. A diferença é que agora parte da banda a iniciativa. Mas é tipo um financiamento de um monte de gente que quer ver uma coisa, você vai somando gente e a coisa acontece. Talvez isso seja sei lá, um movimento que venha a ser mais recorrente, tipo, um monte de gravadora fechou, a quantidade de gente injetando dinheiro na música diminuiu quase que proporcionalmente a quantidade de gente fazendo música. Então talvez seja um movimento natural, onde o público interfere naquilo que ele gosta. É mais um desafio, porque além de tudo, culturalmente o Recife ainda não assimilou muito essa coisa de gente que compra pela internet. Tipo minha mãe não tem cartão de crédito até hoje sabe? mas é legal ver uma movimentação de gente que quer fazer algo pela cidade, levar coisas novas, dar uma movimentada, essa é a vontade, movimentar mais o cenário cultural.

N: Saindo da música, o que vocês fazem quando não estão no palco?
M: toda segunda as dez e meia a gente se junta pra um futebol. Somos bem saúde(risos) eu (Felipe) faço pilates, o Marcelo faz musculação, o Chiquinho joga um futebol. É um pouco isso, mas mesmo quando a gente não está no palco estamos trabalhando com música. Na produção de outras bandas, nas nossas produções. O Chiquinho tem um estúdio de música com o China lá em recife, produzem umas bandas de lá e tal. É música o tempo todo.

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06/10/2011

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