Agora é sério, o Autoramas realmente mudou. Ao longo dos 16 anos do grupo, houve uma série de alterações entre os seus membros, mas agora a mudança foi radical: pela primeira vez, a banda deixou de ser um power trio e admitiu um baixista do sexo masculino, Melvin. Agora, o posto feminino da banda é ocupado pela cantora Érika Martins, que é casada com o guitarrista e vocalista do Autoramas, Gabriel Thomaz, há 13 anos.
Ele, que é o fundador do grupo, é também o único membro original ainda presente na banda. O baterista Bacalhau, que estava desde o início, saiu e deu lugar a Fred Castro, baterista original dos Raimundos. A reformulação da banda será posta à prova já no próximo dia 21, quando ela fará seu show de estreia em Brasília. Depois disso, a apresentação seguinte será no cultuado festival South By Southwest (SXSW), que acontece anualmente nos Estados Unidos. Em maio a banda segue por uma turnê na Europa e, em meio aos preparativos dessa programação intensa, a banda lançou um projeto de crowdfunding para financiar seu sétimo disco de estúdio que documentará a nova formação do grupo.
Conversamos rapidamente com Érika Martins sobre sua entrada no Autoramas e o resultado você lê abaixo:
Como você se sentiu sendo convidada para o Autoramas?
Foi uma surpresa muito grande quando o Gabriel me chamou. Mas é uma surpresa que faz todo sentido, eu tô junto com o Gabriel há 13 anos, então acompanho desde o início a banda, que tem 16 anos. Eu sou a pessoa que mais esteve presente nesse tempo todo, o Gabriel sempre fala isso: “Pô, você sabe mais da banda até do que os próprios integrantes”. As composições novas era eu quem escutava antes de todo mundo… Até brinco com o Gabriel porque têm várias que ele fez pra mim. Sempre estive em volta deles, participei do DVD da MTV… E a gente têm milhões de composições juntos, eu e o Gabriel, meu primeiro disco solo é basicamente de parcerias nossas. Até antes, quando eu tinha a Penélope, a gente fazia muitos shows juntos. O Autoramas e a Penélope sempre tiveram uma linha condutora muito próxima, de Jovem Guarda, new wave… Com a nova mudança, o Gabriel olhou pra mim e falou: “Nossa, é você. Não tem. Topa? Vamos nessa?”. Eu não esperava, pra mim foi uma grande surpresa. Mas eu achei que seria sensacional, faz todo sentido mesmo.
Você viu com os próprios olhos a história da banda.
Sim, eu acompanhei todas as mudanças de integrantes, desde a saída Simone, que é um ícone do rock, admirada por todo mundo… Passar por isso foi uma grande prova de resistência, acho que foi a parte mais complicada na carreira do Autoramas. Mas pra mim é muito claro que o Gabriel sempre foi a força motora, isso só comprovou como a banda é o Gabriel, sempre foi. A banda foi uma criação da cabeça dele, todas as ideias vieram dele, a dancinha no palco que todas as baixistas tiveram que aprender, composições, arranjo, tudo. Tudo é arranjado por ele. É uma banda que pode mudar o que for, mas não pode mudar ele.
Vocês têm vários projetos paralelos. Como fica tudo isso no meio do Autoramas?
Então, na verdade a gente acabou juntando tudo mesmo. Tudo vai coexistir. Minha carreira solo continua com força total, vou lançar um DVD no próximo semestre pelo Canal Brasil, o Fred toca comigo na minha carreira solo, então tem tudo pra isso funcionar maravilhosamente bem. Inclusive com o Lafeyette e os Tremendões, que é um projeto que eu, o Gabriel e o Melvin temos juntos. É uma grande família mesmo, a gente é amigo há muito tempo. Eu conheço o Fred desde a gravação de “A Mais Pedida”, que foi em 1998, imagina.
E o que vocês estão trazendo de inovações sonoras pro grupo?
No final do ano passado a gente gravou um EP, Érika & Gabriel, que já migrou pra história do Autoramas. As pessoas começaram a pedir pra tocar, foi muito legal isso, uma repercussão que a gente nem imaginava. Mas o repertório todo vai ser do Autoramas mesmo, mas vão ter algumas músicas antigas que estavam esquecidas e que eu e o Fred sempre adoramos. Uma delas é “Resta Um”, que é uma música da Simone, que eu amo e a gente tá trazendo ela pro show. Mas o que as pessoas vão notar de primeira é o trabalho de voz. Isso cresceu muito porque agora são dois cantores na banda. É a maior diversão fazer aquele jogo meio new wave, meio B-52’s às vezes. Acho que minha voz combina muito com a voz do Gabriel, e o Melvin também canta. Acho que essa formação deu uma arredondada, no melhor sentido da coisa. Tá rock pra caramba, mas tá mais redondo.