Pixel Show: arte e design sendo discutidas em Porto Alegre

09/05/2011

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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09/05/2011

Porto Alegre passou um fim de semana respirando arte e design. Tudo por conta do Pixel Show, que escolheu a cidade para sediar mais uma edição.

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O evento reuniu workshops, live sessions, exposições e uma feira com produtos supercriativos. Entre tantas atividades, a grande atração foi, sem dúvida, a conferência, que contou com uma série de palestras realizadas por grandes nomes das mais diversas áreas, como ilustração, propaganda, games e moda.

Dia 1

A abertura ficou por conta do estúdio Nitroglicerina, representado por um de seus idealizadores, Rodrigo Angello. Ele apresentou uma amostra de trabalhos impressionantes em termos de projeto, execução e finalização, sempre explicando todo o processo, desde o esboço até a versão final. O público teve a oportunidade de ter uma ideia do cuidado e do esforço de toda a equipe, visando a entrega de um trabalho de qualidade. Destaque para o case de projeção internacional PlanetHulk, uma animação em 3D desenvolvida para a Marvel. Rodrigo ainda falou sobre a criação de um vídeo com o famoso Zé Gotinha, personagem utilizado na campanha de vacinação do Ministério da Saúde.

Na sequência, Danilo Beyruth subiu ao palco para falar sobre HQs. O quadrinista, que começou a carreira trabalhando com publicidade, é sócio-fundador da Macacolândia, empresa dedicada à produção de ilustrações comerciais. Algumas de suas histórias são reconhecidas internacionalmente, como o Necronauta e Bando de Dois. Entre cases e relatos, o quadrinista ressaltou a importância de unir o útil ao agradável ao escolher uma profissão. “O que eu fiz foi casar o prazer com o financeiro”, afirmou. Apesar de estar conquistando um bom espaço no mercado, Beyruth reconhece as dificuldades de se trabalhar com HQs no Brasil e incentiva ilustradores a procurarem seus próprios caminhos.

A palestra de Anne Gaul e Fabricio Costa, respectivamente estilista e designer d’OESTUDIO, foi uma das boas surpresas do dia. Velho conhecido por seu sucesso nas passarelas, o coletivo mostrou como transformou-se numa empresa lucrativa mesmo apresentando coleções abstratas a cada estação. A solução encontrada para unir conceito e negócio foi apresentar o conceito na passarela e vender a ideia. A marca, que reúne profissionais das mais diversas áreas – como web, cinema, moda, direito, arquitetura e games, busca, em primeiro lugar, causas para defender. Depois, são realizadas pesquisas em cima do tema, que culminam com sua apresentação na passarela. Então, empresas que se identificam com a proposta d’OSTUDIO vão atrás de seu trabalho. Foi assim como o HemoRio, para o qual o coletivo desenvolveu a campanha Eu Te Hemo.

O GAD também foi representado no evento, e quem subiu ao palco foi o diretor Valpírio Monteiro. Ele contou a sua história, que começa como profissional das ciências sociais trabalhando com índios no Acre, passa pela astrologia e atinge o sucesso no design. A história da empresa, que tem como princípio básico não temer mudanças, também foi apresentada.

A programação do dia encerrou com o argentino Christian Montenegro, que iniciou sua carreira tendo aulas de com Alberto Breccia, grande nome da HQ mundial. Com o professor, ele aprendeu técnicas de desenho, mas também foi influenciado pelo processo e metodologia de trabalho de Breccia. Em 2002, após uma crise existencial, ingressou na universidade e formou-se designer gráfico. Sua maior inspiração são as palavras, e Montenegro faz esboços minuciosos, usa elementos basicamente geométricos para compor suas ilustrações e em pouca quantidade, que combinados geram estruturas complexas e de grande impacto visual. Entre as publicações para as quais já criou, estão IDN Magazine, da China, e Novum Magazine, da Alemanha. Também já trabalhou em campanhas publicitárias para Volkswagem, Levi’s e Phillips.

Dia 2

O grafiteiro Tinho abriu os trabalhos do segundo dia de Pixel Show, falando sobre suas motivações, e seu maior desafio é inovar. Com forte influência do skate, seu trabalho é hoje conhecido inclusive fora do país. A propósito, ele comemora uma das grandes conquistas do graffiti brasileiro: o reconhecimento internacional. “Quando a gente começou, copiava muito pela pouca informação. Então, começamos a fazer nossa própria arte, que podia até ser odiada, mas era nossa”, comentou. Tinho foi além da arte e contou como foi sua passagem pela Rússia, quando esteve no país para a realização de um de seus trabalhos mais importantes: a intervenção na embaixada brasileira daquele país. O grafiteiro também tocou num ponto polêmico, que é a comparação entre pixação e fraffiti. “Pixador e grafitero é tudo maloqueiro e sofredor pra caramba, a diferença é que o graffiti é mais colorido e diferente”, afirmou.

Na sequência, Amilton Diesel, fundador do estúdio Aquiris, falou sobre a criação de games online. A empresa, que teve início em 2006, atuando nos mercados de arquitetura e aviação, vê na interatividade seu principal foco e acredita em seu trabalho como arte. “Toda arte é técnica e, nos games, é engenharia da computação”, afirmou, ressaltando que a empresa vê os games como arte. Ele também acredita que a tecnologia desvinculada à interatividade não tem utilidade alguma. Com uma equipe que reúne verdadeiros amantes dos jogos, a Aquiris baseia-se na própria sociedade para traçar o melhor caminho. “Para nós, todas as pessoas são gamers em potencial e, portanto, passíveis de um approach correto e eficiente”, concluiu. Entre os cases da Aquiris, há um elogiadíssimo remake para Asteroids.

Flavio Samelo deu continuidade à conferência, com uma aguardada e ótima palestra. Uma fábrica de frases com, no máximo, 140 caracteres, como muitos comentaram, o fotógrafo deu dicas que valem para qualquer pessoa, mesmo que não seja artista. “Se você esta fazendo um trabalho e não está legal, é hora de mudar”, começou. Apaixonado pelo seu ofício, afirmou que a fotografia tem o poder de embelezar as coisas. “Você aponta a câmera para qualquer lugar feio, e a fotografia conserta isso.” Samelo acredita, acima de tudo, na experimentação, tanto que, ao ser questionado, sobre qualidade de equipamento, ressaltou que, para o fotógrafo que trabalha com arte, o que vale mesmo é utilizar até uma câmera feita com lata de azeite. “Equipamento moderno vale para o jornalismo, que tem que ser tudo rápido. É melhor ter uma boa percepção do que uma boa câmera fotográfica”, finalizou, antes de dar a dica quente do dia para novos artistas: “acredita na mentira e vai embora”.

Alexandre Souza e Paulo Perez subiram ao palco em seguida para falar sobre o Doubleleft, do qual são sócios-fundadores. O estúdio começou focado em mídias especiais e hotsites e, hoje, é um dos grandes nomes no que se refere à interatividade. Entre os cases apresentados na palestra, especial atenção para o que foi desenvolvido para a Fiat. No entanto, o aplicativo que permite bate-papo com vídeo no Facebook foi, sem dúvidas, o favorito do público.

O evento encerrou com a palestra da Noz.art, representada pela dupla Lucas Pexão e Ana Ferraz. O papel da agência é fazer uma espécie de meio de campo entre marcas e artistas, e dentro desta proposta, realizou a ação Passport Art Edition, que culminou no lançamento de uma garrafa assinada pelo fotógrafo Flavio Samelo, em edição limitada. A Noz.art conta com uma rede internacional de colaboradores, que atuam nas mais diversas áreas da arte.


Palestra do estúdio Nitroglicerina, que abriu o Pixel Show


Fabricio Costa, d’OESTUDIO, que uniu conceito e negócio


O fotógrafo Flavio Samelo, que protagonizou uma das mais aguardadas e aplaudidas palestras

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09/05/2011

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