“Roqueiro é clichê pra caramba”, diz Rita Lee em entrevista à NOIZE

09/05/2023

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos: Reprodução/ Guilherme Samora

09/05/2023

Um capítulo da música brasileira se encerra com a morte de Rita Lee Jones, aos 75 anos. Segundo comunicado publicado em seu perfil oficial, a artista faleceu em casa, na noite de segunda-feira, 8.5. O velório aberto ao público acontecerá amanhã, quarta-feira (10), das 10h às 17h, no Planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo.  

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Cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora, Rita foi uma artista múltipla e uma das mulheres mais influentes de seu tempo. Lançando-se à frente d’Os Mutantes, em meio à efervescência da Tropicália, iniciou sua carreira em meados dos anos 1960 e manteve-se até o fim da vida como uma das personalidades mais queridas do Brasil.

Consagrada como a “Rainha do Rock Brasileiro”, Rita passou de pioneira da psicodelia à vanguarda do glam ao lado do grupo Tutti Frutti, fase em que se destacam músicas como “Ovelha Negra” e “Agora Só Falta Você”. 

No fim dos anos 1970, começou sua parceria com Roberto de Carvalho, encontro que representou outro marco em sua trajetória. Juntos, imortalizaram hits como “Lança Perfume”, “Baila Comigo”, “Doce Vampiro” e “Mania de Você”, em uma série de álbuns que flertam com a disco music, o funk e a música pop eletrônica dos anos 1980. Nas décadas de 1990 e 2000, mostrou sua versatilidade assumindo destaque no pop rock da época, emplacando sucessos como “Erva Venenosa” e “Amor e Sexo”. Seu último álbum de estúdio foi “Reza” (2012). 

Com mais de 55 milhões de discos vendidos, lançou 40 álbuns ao longo da carreira de mais de meio século. Rita também se destacou no universo literário: depois do sucesso de “Rita Lee: uma autobiografia”, de 2016, ela se preparava para lançar a continuação, “Outra Autobiografia”, neste mês. Além deles, escreveu literatura infantil – “Amiga Ursa: Uma história triste, mas com final feliz” (2019) e a série “Dr. Alex”, relançada em 2020 –, ficção “Dropz” (2017) e até mesmo organizou um livro de fotografias – “FavoRita” (2018). 

Em 2010, a jornalista Lidy Araujo, entrevistou a cantora para a NOIZE antes de uma apresentação em Porto Alegre. “Já perdi a conta de quantas vezes fui ao show de Rita Lee, mas nunca é o suficiente. Cada vez que a vejo, tenho mais certeza de que, se todas as mulheres tivessem uma pitadinha de Rita, o mundo seria um lugar bem mais agradável para se viver. Rita é minha diva”, escreveu na época. No bate-papo, Rita Lee dividiu algumas reflexões que a atravessavam naquele momento: 

Por que você é apaixonante?
Lidy dear… Quanta gentileza a sua!

Se você é a rainha, quem é a princesa do rock brasileiro?
Pitty é uma boa aposta, não?

Onde você pode ser encontrada depois da meia-noite?
Assistindo a um filme pirata, lendo um livro, fuçando um site interessante, ou no maior ronco.

De tudo o que já fez na vida, do que você mais sente orgulho?
De algumas letras que escrevi.

Você tem algum segredo que gostaria de revelar agora?
Sim, sou viciada no cheiro de merda do rio Tietê.

Qual a sua maior ilusão?
Ilusão é para os jovens, meu bem.

Você compôs uma música hoje?
Todo dia escrevo uma coisinha aqui, outra ali, uma sequência harmônica, um refrãozinho…

Você é a versão humana de que música?
Gostaria de ser “Chiquita Bacana”, mas sou muito branquela para o papel.

Quem você gostaria de levar pro backstage?
Você quer ir?

Qual a fórmula do rock’n’roll?
A fórmula, não sei, mas roqueiro é clichê pra caramba; ou morre de overdose, ou se converte à Bíblia, ou acaba num hospício, ou descola um revival da banda pra ganhar uma graninha…

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09/05/2023

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