A ideia que fez a NOIZE surgir vem lá de 2006. Os amigos Rafael Rocha e Kento Kojima, ambos estudantes universitários, percebendo a cena de publicações impressas gratuitas distribuídas em Porto Alegre, fizeram a pergunta: “Por que nenhuma dessas revistas é sobre música?”. Isso bastou para que surgisse o desejo de criar um espaço em que pudessem falar sobre os sons que curtiam e documentar a cena que percebiam acontecendo.
“Nós começamos a conversar sobre o projeto. E era muito louco, porque a gente abria as revistas, contava os anúncios e pensava que era fácil. Mas quando começamos a fazer foi bem diferente [risos]. Em 2006, a gente projetou tudo e não conseguiu tirar do papel”, contou pra gente o Rafael, que, além de fundador, é nosso diretor criativo.
De fato, a NOIZE só saiu do papel um ano depois, em 2007. Ou melhor, saiu da cabeça e virou revista (de papel). Além do Kento e do Rafa, o projeto passou a contar também com o Pablo Rocha. Há 15 anos, a primeira edição tornou- se viável. “A gente conseguiu colocar a parada pra rua, metendo na cara e na coragem. Talvez por escutar bastante punk rock na época. ‘Vamos lá, se não tem quem fazer, a gente vai fazer’”, continuou o Rafa.
Já contamos por aqui que a NOIZE #001 foi distribuída em um show da banda Pennywise (que foi capa da revista e ganhou uma matéria especial nesta primeira edição) em Porto Alegre, no dia 27 de março de 2007. O Tatu, fotógrafo e colaborador de primeiro momento da revista, foi registrar o show e conseguiu uma foto do Jim Lindberg, vocal do grupo, segurando a primeira edição da revista, apontando para ele mesmo na capa.
“Amor pelo rolê. Desde o início era uma ideia, um desejo, uma vontade em que cada um foi fazendo aos poucos em cima daquilo que amava”, assim que Tatu define aquele momento inicial.
A sessão que abria a revista continha notícias rápidas da época em manchetes como “Novo álbum do White Stripes”, “Frevo é declarado patrimônio imaterial do Brasil”, “Britney Spears pirou na batatinha?” e “Biografia de Roberto Carlos retirada das livrarias”. Outra notícia rápida dizia na manchete “Piratas buscam terra firme” e a seguir discutia a respeito da polêmica da época: o compartilhamento de arquivos via torrent.
Nessas primeiras páginas, chegava uma seção que se mantém até hoje na NOIZE, a “Bandas que você não conhece mas deveria”, que apresentava o som de Devendra Banhart e outros artistas para os leitores da revista. Havia também uma seção com reviews de álbuns lançados naquele período, como Cê, de Caetano Veloso, e Skin and Bones, do Foo Fighters. Poderíamos ficar listando a primeira edição inteira aqui, mas você pode conferir no nosso Issuu com seus próprios olhos:
Hoje, já estamos na nossa edição #125. “Antes do dia zero eu tava fazendo o lance. Então, no começo, não deu tempo nem de ver, era só baixar a cabeça e fazer uma por mês. Mas eu comecei a sacar nossa relevância quando, sei lá, no quinto ano, no sétimo ano, eu comecei a falar com as pessoas que eu admirava e vi essas pessoas darem um valor muito grande pra revista”, reflete o Rafa, 15 anos depois.
Ainda temos muitos anos e muitas edições pela frente. Muita música ainda vai passar pelas páginas da revista NOIZE. Vamos ver e falar sobre o que está acontecendo em cenas diversas, documentando tudo o que está rolando. E contamos com a sua companhia de sempre.