| Por Fernando Corrêa |
O céu de Steve Jobs chama-se iCloud, e lá a pirataria tem direito a perdão. O lançamento, na segunda-feira, do serviço da Apple na nuvem ajuda a manter a empresa à frente das inovações em música digital. Isso porque com o iCloud, já disponível em fase beta, o usuário passará a contar com acesso legal e vitalício a todas as músicas que possuir em mp3 e outros formatos, contanto que esteja disposto a pagar uma taxa de US$ 25 anuais.
Por esse valor, a Apple disponibilizará permanentemente todo arquivo de áudio que o usuário adicionar a sua biblioteca do iTunes. O jukebox da Apple (que tem versões para Mac e Windows) é também a maior loja de música digital dos Estados Unidos. Usando o iCloud, quem costuma comprar mp3 na iTunes Store (prática ainda impossível no Brasil), passará a ter acesso a todas músicas que já adquiriu com sua conta no iTunes – seja em Mac, PC, iPad, iPod ou iPhone. Isso quer dizer também que qualquer dispositivo atual da Apple ou PC equipado com a versão mais recente do software poderá reproduzir as músicas da nuvem – contanto que esteja conectado à internet.
Mas o ousado, o polêmico, o curioso é o que acontece com os arquivos ilegais que (quase) todos nós possuímos em nossos discos rígidos, mp3 players, pen drives.
A Apple promoverá uma espécie de “anistia” a quem contratar, por US$ 24,99, o serviço iTunes Music Match. O processo é relativamente simples: o iTunes se conecta ao iCloud e reconhece todas as músicas importadas para a biblioteca do usuário que não tenham sido compradas na iTunes Store. A tendência é que a maioria delas esteja à venda no acervo de 18 milhões de arquivos da loja. As que não estiverem serão copiadas para a nuvem da Apple, onde ficam disponíveis, também, para quaisquer contratantes futuros do Music Match que possuam cópias da mesma canção.
Para nós, brasileiros, o serviço deve chegar cheio de limitações, já que não há contrato vigente entre a Apple e as editoras e gravadoras para venda no País. Mas nos lugares em que a iTunes Store já é uma realidade, trata-se de uma evolução. Embora a Amazon, com o Cloud Player, e o Google Music ofereçam serviços semelhantes, a Apple dá um passo à frente ao oferecer, como sempre, uma solução extremamente simples do ponto de vista do usuário. Restam algumas dúvidas sobre a legalidade da prática. Como a Apple redistribuirá músicas que já estão fora de catálogo? A quem e em que proporção repassará os direitos de reprodução dessas obras? São questões que a gente espera ver respondidas após os comerciais. 🙂