_por Nícolas Gambin
Omar Rodríguez-López e Cedric Zavala ainda parecem possuir tempo e energia suficientes para sempre voltar os olhos à válvula de escape freak-progressiva da dupla, o Mars Volta, apesar de já anunciada a reunião do At The Drive In (ex-banda) para abril, na edição deste ano do Coachella, por declarados “motivos financeiros”.
Nocturniquet, sexto álbum do projeto, parece seguir um caminho que foi apontado a partir do questionável Octahedron (2009): os andamentos, em maioria, estão mais lentos e menos explosivos, se comparados, por exemplo, com o clássico Frances The Mute (2005).
Mais discrepâncias com o passado se notam também nas estruturas das faixas – desta vez, beiram os 4 minutos, metade da duração de muitas das viagens apresentadas nos cardápios anteriores. E ainda outra guinada, com certeza a mais palpável delas: música eletrônica.
“The Whip Hand”, faixa de abertura, mostra de cara tais mudanças: na cadência arrastada, na bateria, que conforme avança o verso torna-se processada ao extremo, soando quase como um sample, e no refrão, o qual (pasme!) não possui guitarra – mas um sintetizador tocando um pesadíssimo riff. Isolados os vocais, esta faixa poderia perfeitamente ser confundida com qualquer coisa do Nine Inch Nails. Seguem “Aegis” e “Dyslexicon” – somadas à guitarreira de “Molochwalker”, são as mais próximas do passado, senão as únicas. “The Malkin Jewel” inicia com uma levada que lembra, por alto, algo do Primus. E termina mais ou menos como o que prevê o calendário Maia para o final deste ano: corra para a colina mais próxima!
Da metade do álbum em diante, recai a fórmula presente na abertura: poucos sons orgânicos, muitas modulações e eles, sim, eles – os sintetizadores, permeados por guitarras que atuam como um mero detalhe aqui e ali. Omar Rodríguez deve estar mesmo curtindo seus brinquedinhos novos.
Tão difícil quanto catalogar o Mars Volta em um estilo, é tentar prever o que esperar de novos lançamentos. Nocturniquet prova isso. Desvios que podem tanto instigar alguns, como decepcionar a outros. Eu me encaixo no primeiro caso. Quanto a reunião de At The Drive In: um por dinheiro, dois por amor.
@nicolasgambin