Qual dessas pérolas faz parte da sua coleção de discos de vinil? No catálogo do Noize Record Club, há preciosidades como Nightingale (1979), de Gilberto Gil, prensado pela primeira vez em vinil no Brasil. Há também Tem Que Acontecer (1976), segundo disco de Sergio Sampaio. Clássicos de Elza Soares, Tim Maia e Luiz Melodia também entram na lista. Confira a seguir:
1. Nightingale (1979) – Gilberto Gil
“Foi um disco que abriu portas. É um álbum interessante, com muitas canções em inglês. Foi um disco importante na minha carreira”, relembra Gilberto Gil em conversa com a NOIZE.
Produzido por Sergio Mendes, o álbum une faixas em português a versões em inglês de grandes composições da época, como “Here and Now” (“Aqui e Agora”) e “Nightingale” (“Rouxinol”). “Maracatu Atômico”, “Balafon” e “Sarará” (“Sarará Miolo”), são algumas das faixas em português. Já “Ella” (“Ela”) mistura os dois idiomas. E, além de trazer músicas célebres da trilogia Refazenda (1975), Refavela (1977) e Realce (1979), Nightingale conta ainda com as inéditas “Samba de Los Angeles” e “Move Along With Me”, compostas nos Estados Unidos, especialmente para o lançamento.
Na gravação, Gil reuniu grandes instrumentistas estrangeiros, incluindo o baixista Abraham Laboriel, o guitarrista Lee Ritenour e o baterista Alex Acuna. Dentre os brasileiros, além de Mendes, estão presentes Robertinho Silva (bateria e percussão), Laudir de Oliveira (percussão) e Rubão Sabino (baixo e percussão). Juntos, eles ofereceram às canções de Gil uma roupagem única, flertando com o reggae, o funk e a disco music, sem esquecer das raízes do samba.
2. Tim Maia Disco Club (1978) – Tim Maia
Produzido pelo próprio Tim Maia com Guti Carvalho, Tim Maia Disco Club traz alguns dos maiores sucessos de toda a carreira do Síndico, como “Acenda o Farol”, “Jhony” e uma de suas obras-primas: “Sossego”. O disco marca o retorno de Tim ao topo das paradas de sucesso e também o início da sua parceria com o arranjador e tecladista Lincoln Olivetti. A lendária banda Vitória Régia está representada aqui em uma formação histórica, trazendo nomes que passaram pela Banda Black Rio, como o baixista Jamil Joanes e o baterista Paulinho Braga, além de músicos do porte de Pepeu Gomes, Hyldon, Robson Jorge, Renato Piau e Djalma Corrêa.
Todo disco tem seu carro-chefe, a canção que dá o tom a todas as outras que virão depois. No caso de Tim Maia Disco Club, essa canção foi “A fim de Voltar”, faixa que Tim compôs em parceria com Hyldon e a que tem a vibe mais disco em todo o álbum.
A faixa de abertura é seguida pelos dois maiores sucessos do disco: “Acenda o Farol”, também uma faixa legitimamente disco, e a gigante “Sossego”, mais puxada para o funk e soul pelos quais Tim Maia já era conhecido tão bem. “Eu já fiz muitas gravações, mas uma das guitarras que eu mais gosto é a guitarrinha base de ‘Sossego’. A gente até dobrou, já tinha essa onda de mais canais, e nós dobramos. Você vê, essa levada da guitarra do ‘Sossego’ é uma embolada, quase. Mesmo fazendo uma música ‘americanizada’, tinha os elementos brasileiros ali”, fala Hyldon.
3. Tem Que Acontecer (1976) – Sergio Sampaio
Após o sucesso estrondoso da faixa “Eu Quero é Botar Meu Bloco Na Rua”, de 1972, Sergio saiu do anonimato para a fama. Porém, o artista capixaba sempre foi avesso aos interesses da indústria musical e não demorou para se afastar do mainstream no qual estava se inserindo. Seu segundo LP, Tem Que Acontecer, foi feito na extinta gravadora Continental e o renomado violonista João de Aquino foi o principal responsável pela produção do álbum.
Segundo ele, esse álbum é uma obra-prima gravada no Studios Level, o melhor estúdio do Rio de Janeiro de então, com os melhores instrumentistas de música brasileira da época:
– Não botei o pessoal mais contemporâneo. Chamei a nata de músicos aqui do Rio de Janeiro. Altamiro [Carrilho], Maurício Einhorn, Paschoal Meirelles, o trio Marçal, Luna e Eliseu, Laércio de Freitas… Músicos que eram completamente diferentes do mundo do Sergio.
Apesar da sua sonoridade primorosa, experimental e popular, e de contar com faixas que acabaram se tornaram grandes clássicos de Sampaio, como “Tem Que Acontecer”, “Que Loucura” e “Cada Lugar Na Sua Coisa”, esse álbum demorou para ser entendido.
4. Elza Soares (1974) – Elza Soares
Necessária, única, gigantesca: Elza Soares é um dos maiores patrimônios vivos da nossa cultura. Esta fase do início dos anos 1970 marca uma transição em sua discografia, foi quando ela saiu da gravadora Odeon e achou um novo lar no selo brasileiro Tapecar. “1974 foi um ano babadeiro pra mim”, explicou Elza em suas redes sociais: “No meio do ano, entrei na Tapecar. Foi aí que nasceu o LP Elza Soares e eu queria gravar músicas inéditas!”.
Trazendo arranjo e regência do mestre Ed Lincoln, Elza Soares (1974) apresenta a cantora em um grande momento da sua carreira interpretando um repertório fortíssimo. “Nele, gravei ‘Louvei Maria’, uma composição minha, que fala de fé e negritude. Nesse disco também está ‘Deusa do Rio Niger’, uma referência a Iansã, e ‘Quem Há de Dizer’, de Lupicínio Rodrigues”, destaca Elza Soares. A faixa de abertura, “Bom Dia Portela”, foi muito tocada na época e o LP teve uma recepção super positiva: “Foi um sucesso nos anos 70 e até a capa foi um estouro. Discão maravilhosooooo”, resume Elza.
Além de registrar o canto avassalador de Elza, o álbum chama atenção por seu instrumental finíssimo, que une guitarra, órgão e naipes de sopro e de cordas a uma cozinha rítmica de cair o queixo. Elza Soares (1974) ressurge agora em uma edição especial em vinil feita para celebrar o legado de uma das maiores artistas que já nasceu no Brasil. Não perca a chance de ter na sua coleção essa preciosidade!
5. Pérola Negra (1973) – Luiz Melodia
Compositor em ascensão, em 1973 chegou o momento de Luiz Melodia encantar também com seu vocal inconfundível. Produzido por Guilherme Araújo, Pérola Negra conta com dez faixas, todas assinadas apenas por Melodia. O disco foi todo preparado em uma casa alugada em Jacarepaguá para uma imersão criativa, que acolheu ele e os músicos Rubão Sabino, Daminhão Experiença, e Renato Piau.
Depois, nos estúdios da Polygram, no bairro de Botafogo, as gravações foram iniciadas. Entre as parcerias, estão os arranjos de Perinho Albuquerque e Arthur Verocai, bateria de Lula Nascimento, guitarra de Piau, acordeom de Dominguinhos e guitarra de Hyldon. O comando da mixagem ficou por conta do técnico de gravação Mazzola.
Se a estética sonora já era envolvente, o que dizer da emblemática capa de Melodia sentado de pernas cruzadas, dentro de uma banheira, segurando um globo terrestre nas mãos, cercado por feijões pretos? Obra marcada por irreverência e charme, Pérola Negra reúne grandes sucessos da carreira de Melodia, como a faixa título, “Estácio, Eu e Você”, “Magrelinha”, “Estácio, Holly Estácio” e “Vale Quanto Pesa”. Disco inaugural de Melodia que registra a poesia da contracultura brasileira, é um item obrigatório na estante e merece um espaço de destaque em sua coleção.
Conteúdo produzido em parceria com Audio Porto, Fábrica do Futuro e AIMEC.
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