Se você entrou há pouco tempo no mundo do vinil, provavelmente já deve ter escutado alguém falando coisas como “Essa master tá muito boa” ou “A música não coube na master”. Caso você não faça ideia do que isso queira dizer, pode ficar tranquilo: vamos explicar o que você precisa saber para entender o que estão falando em uma conversa sobre esse assunto.
Há diferenças, por exemplo, na preparação de um mesmo álbum para que ele toque bem em um disco de vinil ou em uma plataforma de streaming. O processo de masterização para discos de vinil envolve uma série de especificidades e, aqui neste texto, vamos tentar descomplicar tudo para você.
Quer aumentar sua coleção com clássicos e novidades entregues na porta da sua casa? Entre para o NOIZE Record Club e garanta agora nossos kits exclusivos com LP + revista. Clique aqui e faça parte do NRC!
MAS O QUE É MASTERIZAÇÃO?
A masterização é, falando de forma simples, o processo de adaptação do som gravado a uma mídia específica. Caso você tenha uma obra-prima em mãos, bem produzida e bem mixada, mas mal masterizada, o som não soará da forma que você deseja. Na engenharia de masterização, é necessário realizar a equalização, a compressão e outros ajustes, a fim de criar coesão sonora entre todos os elementos de uma música ou de um álbum.
Esta etapa é considerada a pós-produção de uma gravação, onde podem inclusive ser corrigidas eventuais interferências que passaram pela produção ou mixagem, por exemplo. Hoje em dia, a mesma música é masterizada de diversas maneiras, para que toque bem nas diversas mídias que utilizamos.
COMO FUNCIONA NO VINIL?
Já conversamos um pouco sobre como um disco de vinil é feito e você já sabe que o momento definitivo de aplicação da master na bolacha é ainda na sala de corte da fábrica. Mas, antes disso, é preciso preparar a master em si, o que quer dizer preparar o áudio que será registrado para que ele se adeque da melhor maneira ao vinil. Isso porque os discos são uma mídia com diversas particularidades. A principal delas é a necessidade de espaço. O áudio analógico dos LPs não tem esse nome por acaso: cada informação é literalmente gravada e ocupa um espaço físico específico na superfície do disco.
Como sabemos, existem discos de diversas dimensões. Em um disco de 12 polegadas cabem mais músicas do que em um disco de 7 polegadas, porque a superfície do primeiro é maior do que a do segundo. Ou seja: um disco, mesmo o maior disco, possui espaço limitado. Cada lado da bolacha deve ter no máximo 15 min gravados, nos discos de 45 rpm, e até 20 min gravados, nos discos de 33 rpm. Com mais tempo que isso, começam a surgir perdas de qualidade no áudio.
Comprimir muito o som para fazer caber em um disco pode não dar certo. É possível “achatar” as ondas sonoras da gravação para que elas ocupem menos espaço, mas isso implica em menos definição do áudio. É importante que a gravação em um LP seja dinâmica, com variações de volume e espaço para que cada informação seja captada integralmente. É o engenheiro de masterização que precisa adaptar o volume, as frequências e todos os demais elementos da gravação para que eles caibam no disco e não percam seus detalhes.
Os graves são gravados de forma diferente dos agudos na superfície dos discos. As ranhuras das frequências baixas parecem uma onda, enquanto as das altas frequências fazem um zig zag, parecendo um raio. O vinil não comporta bem nem graves nem agudos extremos, é preciso que esteja tudo equilibrado. A masterização precisa levar em conta essas diferenças para fazer com que cada som soe da melhor maneira, além de determinar o espaço na superfície do disco que cada parte da gravação ocupa.
DE ONDE VÊM AS GRAVAÇÕES ORIGINAIS?
Depende muito, tanto da época em que o disco foi gravado, quanto do acervo de cada artista. Antigamente, antes dos arquivos digitais, as versões originais eram gravadas em fitas magnéticas e somente depois eram transferidas para os discos. Em álbuns gravados originalmente neste formato, o ideal para que se obtenha a maior riqueza de detalhes ao fazer uma prensagem de vinil é que a master digital seja preparada diretamente das fitas.
No NOIZE Record Club já relançamos em vinil, com a master vinda das fitas originais, Afrosambas, de Vinicius de Moraes e Baden Powell, e Pérola Negra, de Luiz Melodia. Mas nem sempre isso é possível. Muitas vezes os acervos dos artistas já não possuem mais as gravações originais e então a master precisa ser feita a partir de outra fonte. Quanto mais distante essa fonte estiver das fitas magnéticas, que são a fonte original, menos riqueza de detalhes e fidelidade sonora elas vão possuir.
Já nos lançamentos mais recentes, as fontes originais já costumam ser digitais. Mas a mesma lógica segue valendo: a master para o disco de vinil deve vir da fonte que tenha o máximo de informações o possível da gravação.
***
Depois disso tudo, a master é aplicada, por meio do torno de corte na matriz de acetato do disco, que passa por diversos processos até que possa ser produzido em série. Se você quer entender melhor as outras etapas de produção e reprodução dos LPs, acesse a sessão “EM VINIL” do nosso site.
Procurando novos discos para a sua coleção? Assine agora o NOIZE Record Club e receba em casa um LP exclusivo de “Roteiro Pra Aïnouz, Vol.2”, do favorito dos favoritos, Don L. Garanta na sua coleção o álbum vencedor do Prêmio Arcanjo e indicado na lista de melhores discos de 2021 da APCA. O kit completo vem com o vinil amarelo translúcido e a edição # 121 da revista NOIZE. Clique agora, entre para o clube e aproveite!