Rádio, músicas e discos: uma história viva.

14/02/2022

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Por: Erick Bonder

Fotos: Arquivo Nacional/ Reprodução

14/02/2022

Ontem, 13 de fevereiro, foi o Dia Internacional do Rádio. Neste ano, no dia 7 de setembro, além dos 200 anos da independência, também será comemorado o centenário da primeira transmissão de rádio no Brasil. Por aqui, a primeira coisa que se ouviu saindo dos alto-falantes foi um discurso do Presidente Epitácio Pessoa, que logo em seguida deu lugar à uma execução da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes.

De lá para cá, o rádio viveu sua época de ouro e seu declínio. Por muitos anos, até a popularização da televisão, foi o meio de comunicação de massas mais utilizado ao redor do mundo. Através do rádio, as pessoas ouviram ou seguem ouvindo músicas, notícias, discursos, novelas, partidas de diversos esportes.

No Brasil, como em outros países, o desenvolvimento do rádio e da música popular andaram lado a lado. Alguns dos artistas mais emblemáticos da nossa cultura tinham no rádio a principal maneira de fazer sua música chegar ao grande público. A clássica canção “O Que É Que a Baiana Tem?”, de autoria de Dorival Caymmi e também famosa na interpretação de Carmem Miranda, foi apresentada pela primeira vez ao vivo na Rádio Tupi. Outros exemplos de peso são Noel Rosa e Ary Barroso, contemporâneos da fase de expansão da mídia, que ficou conhecida como a Era de Ouro do Rádio no Brasil.

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No início, as músicas eram, em grande parte, tocadas ao vivo. Cada rádio tinha músicos contratados, convidados e também realizava festivais, concursos e diferentes shows. Mas outro personagem tinha relevância: o disco. Primeiro os de goma laca, depois os de vinil. O desenvolvimento dos gramofones e do rádio aconteceu mais ou menos na mesma época, nas primeiras décadas do século XX. Mas foi somente com os discos de vinil que a circulação de música gravada estourou.

Como já explicamos aqui, os LPs são mais resistentes e suportam mais tempo de gravação do que os discos de goma laca. Esse fator também foi relevante para que cada vez mais o disco fosse adotado no lugar da música ao vivo nas rádios. Além disso, o custo de se ter um disco, que poderia ser executado continuamente, era muitíssimo inferior ao de manter uma grande equipe de instrumentistas de plantão. Assim, os programas de rádio passaram a ter suas discotecas com cada vez mais diversidade, montando programações inteiras, “playlists”, que poderiam passear por onde a coleção de LPs permitisse.

Por um bom tempo o reinado dos discos no rádio perdurou. Ao menos até o surgimento da fita cassete. Depois, chegaram os CDs, desbancando definitivamente as bolachas, e hoje as rádios realizam suas transmissões com arquivos digitais. Com os anos, os LPs foram sendo substituídos por novas mídias. Entretanto, as emissoras formaram grandes coleções de discos de vinil, extremamente importantes para a documentação da história da música brasileira.

Partes dessas coleções estão conservadas em acervos, mas também acabaram em sebos espalhados pelo Brasil inteiro. Afinal, tantos LPs girando por tanto tempo nas rádios de tantos cantos do país foram parar em algum lugar. Pode ser que você tenha um disco que tocava na rádio aí na sua coleção e nem saiba. 

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14/02/2022

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Erick Bonder