Tori cria paisagens inspiradas na MPB com toques de psicodelia

22/02/2024

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Elisa Maciel/ Divulgação

22/02/2024

Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Tori foi indicada no BQVNC do Lado A da revista #137, que acompanha o vinil de “Olho de Peixe”, de Lenine e Suzano.

Vitória Nogueira, lançou o primeiro disco solo como Tori, Descese, em março de 2023. Antes dele, a artista sergipana de 22 anos havia apresentado o EP Akoya em 2016, e dois álbuns como vocalista da banda Ipásia, Ignatia (2019) e Voragem (2021), todos pela PWR Records. O nome do novo trabalho faz referência a obra de Clarice Lispector, pois o termo cunhado pela crítica literária Yudith Rosenbaum fala especificamente sobre o movimento contrário à ascensão espiritual, a ideia aqui é olhar para o mistério que existe no cotidiano. A reflexão proposta é a de que, talvez, o divino não esteja nas nuvens, mas na terra. Guiada pelas obras da autora, a compositora mergulhou em si durante a pandemia para apresentar as canções criadas a partir do violão, recheadas de sutilezas e questionamentos metafísicos. 

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Por onde começo? Com pouco mais de 35 minutos de duração, Descese carrega paisagens inspiradas na MPB com toques de psicodelia. Para se aprofundar nos universos que habitam Tori, há playlists no perfil da artista no Spotify organizadas por podcasts, onde discute a criação do disco, seleção de composições inspiradas na literatura, como “Fernão Capelo Gaivota”, presente em Akoya, e nome do livro do estadunidense Richard Bach, e músicas favoritas, lista composta por Marisa Monte, Milton Nascimento e Os Tincoãs. 

Mood? Um prato cheio para fãs de referências literárias, inclusive, “Água Viva”, faixa que abre o disco, medita sobre o aspecto visceral do livro de mesmo nome. Assim como a água viva, a placenta representa uma figura disforme, que pode despertar atração ou repulsão. Ao longo das 12 faixas, a poesia de Tori se multiplica ao abordar ideias universais por meio de uma visão poética do mundo. 

Como soa? Na época em que começou a rabiscar o que se tornaria o projeto, a cantora se apaixonou pelo primeiro disco de Mãeana, lançado em 2015. Ao descobrir que Bem Gil havia assinado a produção musical do registro, ela arriscou um contato online, que acabou sendo materializado. O músico, ao lado de Bruno di Lullo e Domenico Lancelotti trabalharam os arranjos em cima das melodias de Tori, então o resultado carrega momentos minimalistas equilibrados com camadas de synths, percussão, metais e sopros. Além deles, há participação de Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Tainá, Bruno Berle, João Mário e Joana Queiroz.

Qual a vibe? O encontro com Mãeana foi tão impactante que, em abril, elas lançaram uma colaboração, “A Bela é a Fera”, e a artista carioca escreveu o texto de introdução do disco. “Lendas de um país profundo do futuro. Alívio na vertigem, abrigo estonteante. Tori é raíz, terra, pedra, planta, vento, cogumelo e erosão”, descreve na apresentação. 

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22/02/2024

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