VND narra vivências periféricas no disco  “Onde as Histórias Se Cruzam”

15/08/2024

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos: Divulgação/Gabriel Inácio

15/08/2024

Lançado em oito de agosto, o disco Onde As Histórias Se Cruzam solidifica ainda mais a presença do rapper carioca VND na cena do rap nacional. O álbum narra experiências e vivências de um homem negro e periférico que usa a arte para se expressar.

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Ao longo das 12 faixas, o rapper entrega versatilidade sonora com rimas em boombap, live songs e drill no novo disco, além de parcerias com Sant, Juyè e SD9. As letras contam histórias do cotidiano, de situações de perigo ao amor intenso, como uma espécie de mural das vivências que transformaram o artista. “É o maior projeto da minha vida até aqui”, revela VND. 

“Amores de Gueto”, faixa foco do álbum, é um feat. com Juyé e Gabriel Maré e narra a complexidade de sentimentos de um homem sensível que é exposto à dureza da vida desde muito jovem. 

Destaque na cena desde 2019, por conta da sua participação no programa Brasil Grime Show e na música “Cachorrada”, colaboração com o artista LEALL, VND tem se consolidado como um dos artistas mais promissores do underground carioca.

O seu álbum de estreia, Eu Também Sou um Anjo (2021), ultrapassou 50 milhões de streams, reforçando sua forte presença na cena. Além disso, o artista também vem colaborando com artistas renomados, como BRIME! e Victor Xamã.

Confira o faixa a faixa de Onde As Histórias Se Cruzam:

“Quer Contar Sua História?”: A intro funciona como um mural de tudo que vem pela frente, é por isso que eu peço pra prestar bem atenção nas histórias que eu conto, ela esquenta e dá sentido a todo o contexto que vem pela frente.

“Espaço no Peito”: É uma faixa que fala de saudade de todas as formas, saudade de um amigo, de um amor antigo, saudade do que você era antes de tudo acontecer. Falo desse sentimento que ocupa tanto espaço no nosso peito e na nossa cabeça sem nem a gente permitir. Foi a forma mais fiel e verdadeira que eu encontrei de falar disso, acho que saudade pra mim é o sentimento que eu ainda não aprendi a lidar totalmente, logo eu consigo falar disso tão bem.

“Amores de Gueto”: É aquele amor não romantizado, aquele que dói pra ser colocado no eixo porque ambos não querem deixar tudo isso pra trás, é aquele ciclo que é um parto pra ser encerrado porque tem muito sentimento desenvolvido ali. A Juyè entendeu completamente a atmosfera da música e acrescentou tudo que faltava tanto no discurso quanto na musicalidade.

“Solo”: Essa é forte, eu falo de solidão, do quanto mais a gente fica rodeado de pessoas e ao menos conseguimos nos conectar com elas. Ela fala sobre essa sensação de vazio, porém veja bem, eu não estou perdido, mas a solidão se faz presente quando você trilha seu caminho, é abdicar de coisas e pessoas.

“Dissociado”: Eu fiz num momento que eu não me sentia conectado com nada, eu mesmo dissociei totalmente um momento da minha vida, e a faixa fala exatamente sobre isso, é quase um pedido de desculpas por você ter se esquecido de quem você realmente é.

“Cinzas de Quarta-Feira”: Foi uma faixa muito gostosa de compor, eu fiz ela e “Eu vim de lá” bem na semana do carnaval e eu moro em Marechal Hermes, sou muito influenciado pela cultura de bate bola que tem, então eu quis trazer referências do carnaval da zona norte e ninguém melhor do que o Sant pra falar sobre isso.

“Frequência (Interlúdio): Divide o disco, esse interlúdio nada mais é do que uma situação extremamente comum não só no meu bairro mas em todas as favelas do Brasil, é tipo aquela frase de mãe – “Olha por onde você anda”.

“Te Falta Ódio”: Babidi fez essa batida na hora, eu já tinha comentado com ele sobre fazer um drumless, e essa letra funcionou muito bem nessa batida. Escrevi essas linhas trazendo um pouco desse discurso do “Não precisamos ser subordinados pra ser vencedores”, que só te falta um pouquinho mais de ódio pra perceber que a gente pode ser o que a gente quiser.

“Moletom Freestyle 2” – Chamei o SD9 porque quando eu idealizei uma continuação dessa faixa, ele foi a primeira pessoa que veio na mente, o SD fala da rua como um todo muito bem, ele é um ótimo storyteller e a “Moletom freestyle” conta uma história de uma situação bem específica, então a segunda parte é a continuação da historia onde o mano entra pra igreja, mas acaba morrendo igual por vingança, logo o arrependimento nem sempre é o suficiente.

“Eu Vim de Lá”: Ela coloca os meus semelhantes próximos como os personagens principais, com o mesmo problema que eu sofria com a falta daquilo que a gente nunca nem teve, sem a perspectiva de mundo que nunca foi passada pra eles. A gente sempre sendo o palhaço que mantém o circo mas nunca consegue sair dele, acho que não só nessa musica, mas como no disco inteiro, eu entendi que eu assumi uma parte desse papel com os meus semelhantes principalmente do meu bairro que o meu discurso sempre vai ser pra enaltecer e dar essa perspectiva que outras pessoas me deram, essa visão de que o nosso mundo não funciona só aqui.

“Iluminado” – É pra fechar com chave de diamante mesmo, que da onde você vem nasce flor, ouro, diamante, o que for. Mesmo a gente morando nas costas do Cristo Redentor, ele ilumina a gente igual, nossa luz ninguém consegue apagar nem com toda ruindade do mundo.

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15/08/2024

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